terça-feira, 30 de junho de 2015

Do You Really Love Me? - Bônus

Era uma manhã nublada quando Zayn pisou no chão completamente branco, como em todo inverno, para ele, a melhor época do ano, a mais bela, até mais que a primavera. Um tempo em que ficava em casa, tomava chocolate quente e assistia filmes com suas irmãs mais novas, como que apenas para agradá-las, ver seus rostinhos felizes que sempre aqueceram seu coração. Mas agora nem isso conseguia fazê-lo contente.

A dificuldade era grande para se mover com aquela enorme quantidade de roupas, mas mesmo assim ele se ajoelhou sobre o túmulo, sentindo um pouco de o frio penetrar muito fracamente em sua calça. As poucas flores que foram deixadas, muito provavelmente, no mês anterior já estavam secas e cobertas pela neve. Zayn sabia que ninguém iria ao cemitério no inverno e, exatamente por isso, escolhera essa época para ir visitar sua amada pela primeira vez, sem chance de encontrar qualquer um daqueles que ultimamente mal o olhavam. Era como se doesse em seus corações ao vê-lo, assim como doía em seu peito quando estava na presença de seus vizinhos, pois tudo neles o lembravam dela. 

E lá estava ele, novamente sem saber o que falar. Não acreditava que seria ouvido, afinal, ela já se fora. Mas por que sentia como se realmente fosse? O nó em sua garganta doía, mas ele não queria chorar. Não novamente, pois sabia que isso a desagradaria. Sorriu ao pensar que não importava se acreditava no fato dela o ouvir ou não, apenas precisava falar. Faz quatro meses... Quando colocaria para fora? 


- Hey, meu amor. - começou, com a voz para dentro por segurar o choro. - Me desculpe por ter demorado tanto para te visitar, okay? Eu apenas não conseguia vir. Isso dói, sabia? Pensar que não vou mais te ver. Às vezes fico com raiva de mim, de você. Eu poderia ter ido para o baile ao mesmo tempo em que você e ter ficado de olho. Você poderia não ter ido para aquele lugar escuro. Mas nada disso importa, porque já foi e não dá para voltar no tempo, apesar de esse ser meu maior desejo. Não sei se você sabe, mas o Ian se matou. Ele estava preso e foi encontrado pendurado em uma corda dentro de sua cela. Realmente não sei como conseguiu essa corda, pois não deveria entrar naquele lugar, mas pouco me importa. O que vale é que ele vai queimar... Descobriram que ele também matou o irmão gêmeo, mas somente por um bilhete que Ian deixou. Se fosse depender de uma investigação policial. - deu um riso amargo, sentindo um gosto salgado. Não havia jeito, estava chorando. - Ele era um belo de um filho da puta. Teve o que merecia. Sei que iria querer me bater, então, desculpe, mas estou quase bombando. Não se preocupe, pois já caí na real. De qualquer forma, os meninos, Niall, Liam, Harry, Louis e eu resolvemos entrar pro ramo da música. Parece que um dos tios do Liam tem muitos contatos e ele vai nos ajudar. Não se vai dar certo, mas claro que vou tentar. Caso não dê, faço meu curso de inglês e viro professor. Acho que nunca te falei sobre esse meu plano... Aliás, não te falei de tantas coisas, pois pensava que tínhamos todo o tempo do mundo. Irônico, não? A única garota que me faz querer passar a vida inteira com ela e logo me é tirada... Mas isso me fez perceber que não podemos deixar as coisas para depois, como eu sempre fiz, pois não sabemos o dia de amanhã. Perdoe-me por não ter te dado tudo o que queria ter dado. E também por não ter te achado a tempo. Eu nunca vou me perdoar por isso e também nunca irei te esquecer, prometo. Mas enxerguei que é a hora de seguir em frente, que é isso que você iria querer, que eu me erguesse. Tudo o que eu conseguir, Lunna, tudo, vou dedicar a você, pois te amei mais do que qualquer um, disso tenho certeza. E sempre vou amar. Você é o meu anjo. 

Tocou o nome na lápide, mesmo sem conseguir senti-la e pensou consigo mesmo que voltaria. Limpou as lágrimas do rosto, rindo fraco ao ver que realmente havia chorado, diferente do que queria. 

- Eu não queria mais chorar, meu amor, mas, me desculpe, ainda não consigo. Quem sabe um dia, hum? Até mais, minha querida. - e se levantou, indo em direção ao carro de sua mãe. Ela o abraçou e, com aquele gesto silencioso, acalmou um pouco aquele tempestuoso coração. 

E o tempo passou... 

E, como prometera, ele se esforçou. Em tudo, dava seu melhor. Acabou o ensino médio como um dos melhores alunos e, em seguida, focou-se em sua carreira e em seus amigos, que se tornaram irmãos. O melhor era que o entendiam. Em todo ano, naquele dia, mesmo que estivessem em turnê no Japão, os quatro o cobriam para que voltasse à Londres e pudesse visitar sua amada. Não gostava de levar flores, pois sabia que logo morreriam, mas apenas suas palavras. Zayn passou a acreditar que ela o ouvia e, quem sabe, realmente poderia. Acabou tendo casos com várias garotas durante toda a sua vida, mas não conseguiu se apaixonar novamente, havia fechado seu coração para qualquer uma. As garotas que mais amava além das de sua família, eram suas fãs. Elas poderiam não saber o motivo de sua tristeza naquele dia, mas sempre o apoiavam da mesma forma. 

Depois de muitos anos, eles se aposentaram. Tinham uma vida de luxo e felicidade. Louis, casado com Eleanor, tinha dois filhos, Amber e Leo, sete anos mais novo. Harry, que havia terminado com Lea, se casara com Yuki, que fora interprete deles no Japão em uma de suas viagens ao país e agora tinham a pequena Rachel. Liam, com Elle, tinham Luke. Clare e Melissa, trigêmeos, além de Jake, dez anos mais novo que os três. Já Niall se casara com uma brasileira, Helena, a mulher mais doce que Zayn já conhecera e que se tornara sua melhor amiga, apesar de ele ter um ótimo relacionamento com todas elas. Os dois tinham os gêmeos James e Lewis, Gina, dois anos mais nova e a caçula, nove anos mais nova que os gêmeos, Lunna, que, por mais que tivesse o nome igual ao daquela que poderia ter chamado de tia, era completamente diferente desta, apesar de ter o mesmo bom coração. Eles foram como uma família para Zayn. O impediram de ficar sozinho e não o abandonaram nem mesmo quando, no ano de 2076, aos 83 anos, faleceu de câncer nos pulmões, antes mesmo que sua mãe, já com 107 anos. 


08 de abril de 3025 - Incheon,Coreia do Sul

O garoto sentia seu coração acelerar pelo nervosismo. Seria sua quinta, sexta escola? Já perdera as contas, mesmo tendo apenas dez anos de idade. Mas, dessa vez, iriam se aquietar. Fora o prometido por seu père*. Haviam morado desde os Estados Unidos até a Austrália e mesmo na Rússia. Era francês, mas mal se lembrava do país e, muito menos, de sua cidade, Lyon, pois fora embora com apenas um ano de idade. Será que desta vez poderia ter amigos? Suspirou, apertando a mão de sua maman* e a fazendo parar, logo em frente da sala. A mulher o olhou e, percebendo os sentimentos do garoto, abaixou-se em sua frente, segurando os ombros deste. 

- O que maman te disse? - quando o menor não respondeu, ela repetiu: - O que maman te disse? 

- Que não preciso ter medo, que tudo vai dar certo e qualquer coisa é só ligar. - respondeu em voz baixa, observando-a atar o aparelho em seu pulso esquerdo. 

- Número? 

- Maman... - ele reclamou, vendo alguns colegas o fitarem de forma estranha e entrarem na sala que seria sua. Ele iria começar mal assim?

- Aaron, número. - disse firme. 

- 999653-125847. - disse apressado. 

- Apenas seja você mesmo e as pessoas vão ver o garoto encantador que é.

- Mas... Meu coreano é estranho, eles vão zombar de mim.

- Não vão. Acalme-se. Incheon é muito grande e só não estão mais acostumados com estrangeiros do que os habitantes de Seul.- sorriu levemente, afagando o cabelo do garoto. - Maman vem te buscar às quatro, okay? - beijou a testa do garoto. 

- Okay. 

Aaron observou-a ir embora com o coração apertado, mas respirou fundo e entrou na sala. Tinha que ser forte, agora era um homenzinho... Que se apavorou ao ser fitado por todas aquelas crianças de olhos puxados. Engoliu em seco e avançou, procurando sua cadeira. Agradecia por hangul ser tão fácil de aprender, de forma que não teve nenhuma dificuldade nisso. Infelizmente, era na segunda cadeira da fileira do meio. Odiava se sentar na frente, assim como ser o centro das atenções e naquele momento ambas as coisas estavam acontecendo. Será que poderia voltar para casa? Suspirou. 

- Oi. - ergueu os olhos, se deparando com uma garota dos olhos cor de chocolate. Seus cabelos loiros eram cortados na altura do queixo e uma franja quase tampava seus olhos. Seu sorriso exibia dentes aparelhado e completamente brancos. Ela era... Completamente linda. 

- O-Oi. 

- Eu sou Eileen. E você? 

- Aaron. 

- Hum. É novo por aqui? Nunca reparei em você. - ela se aproximou com uma expressão curiosa, fazendo com que o garoto se afastasse. 

- S-Sim.

- Você não é de falar muito, não é? E seu coreano é estranho... Como o meu. De onde você é? 

- França. De onde você é? - se forçou a falar. Não conseguia se concentrar ao ver aquele sorriso tão brilhante. Era a garota mais linda que já vira. E isso o deixava nervoso. 

- Berlim, Alemanha. É uma cidade maravilhosa. Moderna, enorme, com arranha-céus espelhados. Mas só posso ver nas férias, pois meu pai é muito ocupado, tanto que não vai comigo, apenas eu e mamãe. 

- Eu já fui à Berlim. 

- Mesmo? 

- Sim.

- Não acho tão legal assim. - um garoto gorducho disse com certeza trazendo uma expressão chocada ao rosto da garota. 

- Como não? É a cidade mais linda do mundo! 

- Seul é muito mais. 

- Nunca! Seul é cheio de contrastes horrorosos onde, de um lado, há pessoas extremamente ricas, do outro, extremamente pobres.

- Pois saiba que isso quase não existe mais, gringa burra. Só podia ser uma ridícula como você para falar uma idiotice dessas. Você é idiota assim como todos do seu país, assim como todos esses ocidentais!

Aaron arregalou os olhos ao ver Eileen sair correndo, claramente chateada. A raiva foi tanta que se levantou e empurrou o gorducho, indo atrás daquela que acabar de conhecer. Não importava. O principal que sua maman sempre ensinara era que as mulheres eram o bem mais precioso que existia na terra. Elas eram fortes, sim, mas ao mesmo tempo delicadas como flores e que ele jamais deveria maltratar uma mulher, mas sim protegê-la. E em hipótese alguma deveria fazer uma mulher chorar se não fosse de alegria.

Teve que correr para não perdê-la de vista, pois não conhecia o colégio. Como Eileen não se importava com os robôs seguindo cada um de seus movimentos, ele fez o mesmo, continuando atrás dela até que a mesma se encostou em uma árvore, se sentando. Aaron então percebeu que a garota estava chorando... E isso somente fez com que sua raiva aumentasse.

Tomou coragem por um momento e se aproximou, sentado-se ao lado da garota.

- O que você está fazendo aqui? - ela disse com a voz embargada. - Sabe, eu quis ser legal com você, mas não deve ficar perto de mim. Eles me odeiam e assim vão te odiar também.

- Eu não me importo, Eileen. - se lembrou que em sua mochila haviam lenços. Foram para a sua gripe da semana anterior, mas mesmo assim, os ofereceu para a garota.

- Obrigada, Aaron. Eu... Eu nunca tive quem me ajudasse.

- Como? Eles ficam do lado daquele gorducho idiota sempre? - a menina sorriu.

- Para quem estava falando tão pouco... Parece que a raiva te faz ficar mais solto. - o garoto corou. - E, sim, ninguém o enfrenta. ChinHae é um idiota, mas um idiota que arrebenta as pessoas... Outro motivo pelo qual você não deveria ter vindo me ajudar.

- Eu não me importo. - repetiu. - Se ele quiser, que venha.

- Não sei se você é um idiota ou um corajoso.

- Acho que está mais para um idiota corajoso. - sorriu, fazendo com que Eileen retribuísse.

E realmente, no dia seguinte, Aaron apanhou. Mas não foi importante. Ele ganhou uma amiga, uma melhor amiga que, anos depois, se tornaria algo a mais. Uma companheira, uma amante, a mãe de seus filhos, sua eterna namorada. Aquela para quem dedicou a maior parte de seu tempo, que nunca deixou de proteger. Seu anjo.

E, finalmente, depois de tantas vidas, algumas em que mal haviam se encontrado, aquelas duas almas puderam estar juntas até o fim. 





*pére: pai em francês
*maman: mãe em francês

domingo, 31 de maio de 2015

Do You Really Love Me? (Second Season) - Epílogo

Três dias depois 

O sol entrava pela janela, iluminando todo o quarto,  irradiando seu calor para cada canto, feliz, como que zombando dele. Sentia a gravata apertando seu pescoço, o terno quente, o sufocando. Ao se olhar no espelho percebeu que parecia um noivo, mas seus olhos não tinham o mínimo de brilho que os de um noivo teria. Ele iria, sim, encontrar sua amada, mas essa não era a melhor maneira, não, nunca. O único motivo de estar fazendo isso era porque queria ver seu rosto mais uma vez, uma última vez, mas com certeza preferia que fosse de outra maneira.

Ele via todas aquelas pessoas chorando e se consolando. Muitas que nem ao menos havia conhecido. Seriam elas realmente próximas a sua Lunna ou era tudo um imenso teatro? Não tinha ideia. E talvez fosse melhor não saber.

Sua mãe o abraçou, dizendo repetidamente que tudo ficaria bem, mesmo que fosse a única entre os dois a chorar.

- Vai ficar tudo bem, meu amor. Vai ficar tudo bem, Z. - e mesmo vendo sua progenitora se debulhar em lágrimas na sua frente, não conseguia sentir... Nada. Isso era um sonho, não era? Apenas um sonho. Então por que deveria se sentir mal? Ele acordaria e tudo estaria em seu lugar. Iria na casa ao lado buscar Lunna e a levaria ao parque, onde se divertiriam juntos a tarde toda. Pegaria em seu cabelo macio, sentiria seu cheiro viciante e a beijaria até cansar. Poderia dizer que a amava e a ouviria dizer o mesmo por várias e várias vezes. Finalmente estariam juntos novamente, como ele sempre quisera, não era?

Foi arrastado até perto da caixa escura e então finalmente viu. Ela estava linda. Com um vestido preto, marcando suas curvas e não tão curto sapatilhas, o rosto bem maquiado e os cachos bem feitos.Como um anjo.Um anjo lindo. Um anjo frio. Frio como gelo. Mesmo em um sonho, ela era a mais linda do mundo para ele. Acariciou seus cabelos, estavam duros, cheios de laquê. Franziu o cenho. Lunna odiava laquê. Por que haviam feito isso com ela? Mas era só um sonho. A garota nunca permitiria isso. Nem precisava desse maldito produto. Ela era perfeita. Mesmo em um sonho.

O pastor passou a falar, deixando mensagens que Zayn não se incomodou em ouvir. O mandaram se afastar do caixão, mas ele não queria. Queria poder ficar perto de seu anjo. Para sempre. Por que a trancaram naquela caixa? Por que não o deixavam vê-la? Não podiam colocá-la abaixo da terra. Assim, iriam matá-la. Por que ele não podia chegar perto dela? Seu pai o segurava tão forte que machucava, ardia. E se ardia... Isso não era um sonho. Era real. Ela estava morta. Sua Lunna estava morta. Nunca mais teria seu anjo em seus braços.


Notas: Ahn, vamos lá. Eu não sabia mais como escrever. E eu não quero que fiquem "Ah, faltou muita coisa. O que aconteceu com tal pessoa e tal" so... Vamos revelar. E se quiserem mais perguntem.". Quem a atropelou foi apenas um bêbado. Ian foi encontrado depois de perder um tanto bom de sangue, vasculharam a casa onde estavam e assim tiveram provas suficientes contra ele, pois lá haviam cordas com o DNA da Lunna e(como eu citei não tão explicitamente) materiais de tortura. Sabe os sonhos que eu coloquei na primeira temporada? Eu queria fazer algo sobre vidas passadas, mas me perdi por causa de tanto tempo sem pc que eu ficava e assim não escrevia. Depois, faz tanto tempo desde que comecei a fic e tenho certos pensamentos diferentes agora... Como, eu queria fazer hentai naquela época, e agora resolvi não fazer mais. Tipo nunca. Outra coisa. Quando Ian falou sobre se livrar de quem queria roubar dele e as pessoas que não sabiam que eram dele... Se referia ao irmão dele e da namorada que "queria roubar seu irmão". EU QUERIA TER FEITO TUDO ISSO. MAS SIMPLESMENTE NÃO ESTÁ DANDO. E eu fiz assim para não excluir a fic... Me desculpem. 

Do You Really Love Me? (Second Season) - Capítulo 21


Lunna Pov

Sentia meus cabelos sendo acariciados de forma suave e aconchegante. Um carinho que ao mesmo tempo em que me acordava, me fazia querer continuar quietinha, apenas aproveitando. Um cheiro forte, bom e familiar preenchia minhas narinas e o calor que sentia à minha frente indicava que havia alguém comigo. Abri os olhos, ainda os sentindo pesados e avistei o rosto bem desenhado de Ian. Ele usava um terno escuro e me fitava com carinho. Senti meu coração se aquecer, mesmo tendo a sensação de que algo estava errado, de que havia me esquecido de algum detalhe muito importante.

- Bom dia meu anjo. - reparei em como seus olhos azuis ficavam ainda mais lindos com os raios de sol que entravam no ambiente. Percebi o cheiro de desinfetante e olhei em volta, vendo o que parecia ser o interior de um quarto, completamente limpo. Eu não sabia onde era esse lugar. Tentei responder, mas tudo o que saiu foi um ruído estranho, me fazendo perceber uma pressão em minha boca. Eu estava amordaçada. Como em um clique, senti todo o meu corpo tenso, sentindo minhas mãos e pés presos nas extremidades da cama. As lembranças da noite passada vieram como uma enxurrada, não me deixando pensar direito.

Olhei para Ian, em pânico. O que diabos estava acontecendo?

Narradora Pov

Na noite do baile

O garoto mexia em seu celular distraidamente. Passava foto por foto, apenas fitando o rosto de sua amada. Deveria ter ido ao baile, mas não queria vê-la se despedindo de Ian. Mesmo todo arrumado e tendo dito à Aleksandra que iria, ficou apenas sentado no meio-fio em frente a casa de Lunna. Ele sabia que era apenas uma despedida que ela daria ao mais velho. Sabia que o que ela sentia por ele era carinho. Deveria estar feliz, pois no outro dia, os dois já poderia estar juntos. Talvez até pudesse levá-la para o parque, passar o dia todo junto dela. Matar a saudade realmente. Porém, a gravata parecia apertada demais, o terno, quente demais, mesmo que soubesse que a temperatura dessa noite não passaria de 17°C. Tinha a inquietante sensação de que algo iria dar terrivelmente errado. Mas não sabia em relação a que. Se lembrava da expressão de Aleksandra ao pedir para que ele fosse ao baile, para que ficasse de olho em Lunna. Aquela garota era realmente estranha.

Suspirou, olhando para o céu. Já havia escurecido. Por que sentia uma tristeza tão grande? Por que seu coração estava tão apertado? Fitou o celular. Queria ouvir a voz de sua Lunna. Saber que ela estava bem. Mas não seria um bom momento. Ela estava com Ian.

- Zayn? - ouviu uma voz feminina o chamando e se virou para trás. Era a mãe de Lunna.

- Boa noite, Sra.Dobrev.

- Pode me chamar de Lindsay. - ela disse gentilmente, mas em momento algum sorriu. Sua expressão demonstrava que não estava bem. - Será que posso me sentar ao seu lado garoto?

- Claro.

- Está todo arrumado... Por que não está no baile?

- Eu... Não sei. Não estou com muita vontade. E a senho... você? Por que está aqui fora?

- Não estou me sentindo bem. Precisava de ar. Hoje está um dia estranho. Estou com a sensação de que algo vai dar errado, mas não sei o que. Acha que aquele garoto é confiável para tomar conta de minha Lunna?

- Por uma noite, espero que sim. Mas amanhã ela vai ser completamente minha. E eu vou cuidar dela da melhor forma que puder. - ela deu um sorriso leve.

- Realmente ama minha filha, Malik?

- Muito. - afirmou.

- O bastante para querer algo mais sério?

- Com algo mais sério a senhora quer dizer... Casamento?

- Exatamente. - O moreno mordeu o lábio inferior. - Ou nem agora, mas... Você iria para a mesma faculdade que ela apenas para ficar perto dela?

- Sim, eu iria. E, Lindsay, eu pensei sim nisso. Em casamento. Faz muito tempo. Fui criado para isso. Há coisas que entreguei para ela e para mais ninguém, porque é ela que eu quero. Mesmo aquele tempo com a Perrie. Eu estava confuso, magoado. Pra mim, sempre foi a Lunna. Só não sei se ela pensou.

- Nunca falaram sobre isso?

- Não. Parecia muito cedo. Ela não é aquela garota romântica que pensa nisso desde criança.

- Tem razão.

- Então eu não queria... Assustá-la. Até porque isso não é tão comum com a nossa idade.

- Foi apenas sua criação...

- Exatamente.

- Você é muçulmano, não é?

- Sou.

- Entendo. Isso nunca foi um empecilho para vocês?

- Nunca falei com ela sobre essas coisas de... Religião. Na verdade, nem sei o que ela é. - franziu o cenho.-É cristã? Espírita? Ateia? Agnóstica? Poderia ser até hindu. Nunca me falou.

- Para te falar a verdade, eu também não sei. Passei tanto tempo longe... E agora estou tentando compensar um pouco. Porém, mal parei para conversar direito com ela. Mesmo que não perceba, ela é um pouco distante. Talvez porque viveu todo esse tempo com o pai e assim ficou "independente", o que é normal quando se é criada por um homem.

- Realmente. Uma vez minha mãe viajou para a casa da vovó e levou minhas irmãs junto. Eu tinha que estudar e fiquei com meu pai. Eu fazia praticamente só o que queria. Ele me dava dinheiro e eu que comprasse o que queria comer. Foi realmente estranho. Ah, só um momento. - disse ao sentir seu celular vibrar. Uma mensagem de um número desconhecido.

Zayn, sou eu, Ethan. Você sabe onde está a Lunna? 

Se perguntou como diabos ele havia conseguido seu número, mas logo respondeu, com desgosto.

Ela foi para o baile com o Ian. 

Mas nenhum dos dois está aqui. Tem certeza que chegaram? 

Eu não sei. Só um momento. 

- Tudo bem? - Lindsay perguntou ao ver a expressão preocupada de Zayn.

- Ethan está perguntando onde está a Lunna. - disse. Poderia não ser nada, mas se sentia obrigado a falar, já que era a filha dela. - Ele não a viu no baile. - procurou o número de Louis e ligou. Cinco toques até que ele atendesse, gritando por causa da música alta.

- Alô, cara, cadê você?
- Eu não fui. Lou, você viu a Lunna?
- Vi sim, cara. Ela estava com o Ian. Mas vocês não tinham voltado?
- Ela resolveu ter essa "última noite" com ele. Mas ela estava bem, certo?
- Acho que sim. Estava dançando e depois não vi mais os dois.
- Certo... - disse para si mesmo que ela estava bem, mas por algum motivo não conseguia acreditar nisso.-Valeu cara. Boa festa. - e desligou.

- Está tudo bem?

- Acho que sim, Lindsay. - suspirou.

- Pois não parece. Não quer me contar o que foi?

- Só não estou me sentindo bem. Acho que vou para essa festa. Pra não ter me arrumado à toa. - se levantou, sentindo o corpo inquieto. Poderia dar qualquer desculpa, mas o que realmente queria, era ver com seus próprios olhos se ela estava bem, pois realmente sentia como se não estivesse.

- Se você achar a Lunna, pode trazê-la para casa também? - e só então percebeu o estado da mulher à sua frente: Inquieta, preocupada, dos olhos suplicantes. Estaria ela tendo a mesma sensação que ele?

- Sim. Fique tranquila. - foi para a garagem de seu pai, pegando as chaves que seu pai havia lhe emprestado e entrando no carro. Deveria ser apenas algo de sua cabeça, mas não custava checar. Saber que ela estava bem era agora a maior prioridade. De acordo com Lunna, Ian era uma boa pessoa, então iria deixá-la segura. Mas Zayn não o conhecia e, assim, não confiava. Poderia ser um psicopata disfarçado. Balançou a cabeça, rindo um pouco. Agora estava viajando.

Teve que estacionar realmente longe do salão, afinal, estava super atrasado, mas não ligou e foi em passos rápidos, entrando de repente no amontoado de pessoas. A maior parte delas estava dançando no centro do enorme salão. Em volta da pista de dança haviam mesas redondas onde oito pessoas poderiam se sentar e acima também havia um mezanino com mais mesas. A iluminação era meio rosa, meio vermelha claro, deixando estranho e um tanto romântico, mesmo que a música que agora passava fizesse as pessoas enlouquecerem de tanto dançar. Avistou Louis e Eleanor sentados em uma mesa com Niall, Aleksandra, Lazar, Liam, Elle, Ethan e Perrie. Ao ver a última, se lembrou da conversa que haviam tido. Ele lhe dissera que queria ser apenas seu amigo e ela concordou de forma muito tranquila. Mesmo que não tivesse se expressado, sabia que a garota não gostava dele da mesma forma. Seus olhos estavam em outra pessoa. E agora isso estava ainda mais confirmado ao ver sua mão dada com a de seu futuro cunhado.

- E aí? - disse, tocando no ombro de Louis.

- E aí, cara? Sente-se conosco. - Liam convidou.

- Vocês já adicionaram mais uma cadeira. Está apertado. E nem está todo mundo aqui.

- Fala da Lea e do Harry? - Elle perguntou retoricamente. - Esses dois não vão vir se sentar. Arranjaram um canto para se agarrar. - revirou os olhos.

- Okay, mas eu vim mesmo para ver se acho a Lunna.

- Ah, eu vi ela. Ethan já foi te mandando mensagem, mas eu sabia. - Perrie disse.

- Aliás, desculpe. Eu não te respondi, cara. - Zayn se desculpou com o loiro.

- Tudo bem.

- Mas onde ela foi, Pezz?

- Vi ela saindo pela porta dos fundos.

- Para a área das piscinas?

- Sim. E o Ian foi atrás.

- Okay. Obrigada.

- Onde está indo?

- Vou atrás dela.

- Não, cara, eles podem estar se resolvendo.

- Louis, eu sinceramente duvido que dê para demorar tudo isso. Faz mais de meia-hora que eu os vi saindo. Foi bem no começo do baile. Vá lá, Zayn. - incentivou.

- Okay. - e ele foi. Não os avistou na área iluminada pelas luzes, de forma que foi procurar  na área mais escura. Mesmo não conseguindo enxergar dois metros à frente, procurar em todos os cantos que pensou, mas nenhum sinal de vida. Voltou para dentro do salão e subiu para o mezanino. Porém, também não os achou. Mesmo na pista de dança não estavam. Era como se tivesse virado fumaça. Voltou para a mesa dos colegas, frustrado. Sentindo de forma mais intensa o aperto no peito. Onde ela estava?

- Não a achou?

- Não, Niall. Nenhum sinal de nenhum dos dois. - passou as mãos pela cabeça, sem se importar com o cabelo.

-Será que foram embora?

- Mas como, Perrie? Por que ela iria a algum lugar com esse idiota? Era só para ter um pouco de diversão aqui e terminar. Então iria para casa com algum de vocês, não sei. Ela não iria...

- Hey, cara, calma. Não precisa falar de forma tão rude. - Ethan o repreendeu.

- Como você pode dizer para eu me acalmar, sendo que a Lunna desapareceu? Não entendem que eu preciso vê-la? Que preciso ter certeza de que ela está bem? A sua irmã desapareceu. E não consegue fazer mais nada do que ficar flertando com...

- Zayn, venha comigo. Eu vou te ajudar a achá-la. - Aleksandra interviu, arrastando-o para longe, antes que falasse qualquer besteira.

- Obrigado. - suspirou.

- Tudo bem. Vamos ver se estão no estacionamento, okay?

- Okay. - os dois foram em silêncio percorrer o estacionamento. O carro de Ian era uma máquina extremamente chamativa. E não havia um único carro que ao menos lembrasse o dele. E Zayn sentia seu coração tão apertado que mal conseguia respirar direito. O que era aquilo?

- Você está bem? - Aleksandra perguntou, preocupada quando o viu se sentar na entrada do salão.

- Não. Eu não estou bem.

- Está apertado não está? - e esse foi um dos momentos em que ele pensou que essa menina só poderia ser louca, pela forma como o olhava.

- Do que está falando? - se fez de bobo.

- Seu coração. Está apertado não é?

- Como você...

- Nós temos que achá-la logo, Zayn. Se não o fizermos, algo muito ruim vai acontecer.

- E como diabos você pode saber disso? O que fez?

- Eu? Eu não fiz nada.

- Então como...

- Pare de perder tempo. - disse direta. - Precisamos achá-la.

- Como? - disse mais alto.- Como vamos achá-la?

- Eu não sei, Zayn. Mas minha tia também está sentindo um aperto, então ou algo vai acontecer, ou já aconteceu.

Atualmente

Ela segurava o choro na garganta enquanto observava o maior cozinhar, cantando como se fosse o dia mais feliz de sua vida. Mas não era. Mal conseguia acreditar que estava  a uma semana sozinha com ele. Agora, ele confiava o bastante para que ela não ficasse amarrada na cama, mas mesmo assim, suas mãos e pés continuavam atados. Ela tinha que se esforçar e ser uma "boa garota". Talvez ele a soltasse e em algum momento ela arrumaria uma oportunidade para fugir.

- Você vai comer direitinho. Fiz com tanto carinho, não pode fazer essa desfeita comigo, meu anjo. - ele levou a colher até a boca da garota, forçando-a engolir. Esta tentava não vomitar. Poderia ser um manjar, mas somente por ter sido feito por ele, se tornava pior que esgoto. Havia gostado tanto dele, mas agora tudo o que restava era raiva, nojo, medo. Ian era louco. Ela precisava ir embora. Logo. - Isso, minha garota. Só minha. - se lembrava com horror como ele fora se revelando. Parecendo cada vez mais lunático.Ela tivera a inteligência de ficar quietinha depois da primeira vez em que ele fora lhe alimentar. Tinha cuspido tudo no rosto de Ian. E passara a noite no porão, infelizmente, acompanhada. Sentia seu corpo tendo dificuldades em tratar os cortes daquele dia. Eles ainda ardiam como se houvessem passado álcool neles. E realmente haviam.

Ian a pegou no colo e a levou para o quarto. Era como um quarto de princesa, um sonho. O que lhe parecia a piada de mais mau gosto do mundo agora.

- Você vai ficar quietinha? Se for ficar, eu não vou te amordaçar. - disse gentilmente.

- V-Vou ficar quietinha. - prometeu. E realmente iria. Apenas queria aquela coisa fedida longe de sua boca. E o pior era que toda ela estava assim. Suja. Não deixara que ele lhe desse banho e não fora autorizada a tomar sozinha. Ele ainda não confiava. Precisava fazer com que Ian pensasse que ela gostava de estar com ele, para que a deixasse livre.

- Ótimo, meu anjo. Eu vou cuidar de você. - voltou a acariciar os cabelos castanhos da menor. - Você sabe que é só minha não é? Minha. Saiba disso e eu não vou ter que te machucar de novo, Lu. Eu não quero te machucar. Não quero porque eu amo você, mas as pessoas parecem não entender quando são só minhas. E há outros que querem roubá-las de mim, não me dando outra escolha à não ser me livrar delas, sabe? Você não quer que eu tenha que me livrar do Zayn, não é?- Lunna sentiu seu corpo inteiro se arrepiar. O medo tomando conta de seus sentidos. O que ele estava dizendo? - Está escurecendo. Você tem que dormir, porque amanhã eu tenho uma surpresa para você. Vai gostar tanto. - sorriu feliz e beijou a testa da garota, indo embora em seguida.

- Não vou gostar de nada que venha de você. - ela sussurrou, finalmente deixando as lágrimas correrem. - Eu preciso ir para casa.

*

A noite passou rápida demais. Lunna queria poder ficar em seus sonhos para sempre, mesmo que nem ao menos lembrasse desses direito, mas isso não aconteceu. Ela abriu os olhos e, como todos os dias, encontrou Ian a fitando. O único momento do dia em que ele realmente parecia com aquele cara que conhecera no colégio. Mas ele não era. Aquele cara nem ao menos existia de verdade. Era uma ilusão. Pena que ela tivesse descoberto somente agora e de uma forma tão horrível. Ian era um monstro.

- Bom dia. Hoje você vai ter que tomar banho. - por puro reflexo, ela se encolheu. - Está tudo bem. Eu vou te soltar e você vai sozinha, se me prometer ficar comportada. Vai valer à pena, eu prometo.

- Sozinha? - Lunna perguntou fraca.

- Sozinha. - ele se aproximou dela, retirando as cordas de seus braços e pernas. O alívio que a menor sentiu ao se ver livre foi tão grande que  ela  não conseguiu segurar um suspiro. Mesmo tendo apenas poucos passos de distância da cama até o banheiro, cada objeto que ela via, parecia uma arma em potencial, uma chance de escapar. Mas ela não aproveitou-se de nada. Ainda era cedo. Tinha que ter mais paciência. Somente com paciência ela poderia conseguir voltar para casa. Ver seu pai, sua mãe, seu irmão, seus amigos. E ver Zayn. Como ele estava? Sentia sua falta? Eles a estavam procurando ou pensavam que havia fugido com Ian? Seriam capazes de pensar isso dela? - Vou deixar a porta encostada, mas  não vou espiar. - ela assentiu, entrando no banheiro. Reparou em uma toalha felpuda pendurada e em cima do vaso uma roupa bem dobrada. Quando Ian encostou a porta, ela tirou a roupa e foi até o box. Havia um sabonete, uma bucha, shampoo e condicionador. Tudo pronto para ela. Resolveu aproveitar apenas aquele momento. A água quente caindo por seu corpo depois de tanto tempo. Demorou o que parecia uma eternidade, pois estava imunda e a água fazia com que suas feridas ardessem. A toalha era a mais felpuda que já havia tocado e a roupa que ele havia separado para ela era uma calça jeans e uma regata preta, que ela cobriu com uma blusa de frio cinza, para não mostrar os cortes feitos em seus braços. E então ela viu.

Uma tesoura enorme e afiada. Perfeita. Parecia chamar seu nome.

- Está tudo bem aí? - deu um pulo ao ouvir a voz de Ian do outro lado da porta.

- Já estou terminando.

- Ande logo.

- Okay. - ouviu atentamente até que seus passos se afastaram e, sem perder tempo, pegou a tesoura e colocou na cintura, escondendo-a com a blusa e o casaco. Quando saiu do banheiro, sentiu seu coração acelerado. Se ela tivesse alguma chance, iria fugir. E orava para que tivesse.

- Está linda. - ele elogiou.

- O-Obrigada. - disse, pegando a mão do mais velho, mesmo que contra a sua vontade. Teria que aguentar. Só mais um pouco, prometeu a si mesma. Se surpreendeu quando ele pegou uma cesta e a levou até a porta. - Nós vamos sair?

- Vamos. E você vai se comportar direitinho, não vai, meu anjo? Se não, eu vou ter que te machucar de novo. E nenhum de nós quer isso, quer? - Lunna negou, engolindo em seco.

Eles foram à pé até uma praça que não era mais do que alguns metros longe da casa. Haviam crianças brincando mais à frente do local, mas ele levou-a até uma parte mais isolada, no meio das árvores, de onde conseguiam ver todos, mas ninguém iria vê-los. Ela não sabia onde estavam, mas, se fosse Londres, era uma parte que ela nunca havia frequentado ou chegado próxima. E será que ainda era Londres? Isso complicava um pouco sua vida, mas ainda assim não iria desistir.

Ian arrumou o pano no chão e colocou a cesta em cima, mandando-a se sentar.

- Não pense que essa é a sua surpresa, eu ainda não fiz nada.

- Então o que é? - se fez de curiosa.

- Tenha paciência e eu logo vou mostrar. Sabe, esse é um lugar ótimo. Tranquilo, a população não passa de cinco mil habitantes. - e isso respondeu a pergunta... Eles não estavam em Londres. Onde, então? Vasculhou sua mente, procurando cidades próximas de Londres com poucos habitantes, mas não sabia de uma com tão poucos. - Eu poderia viver o resto da minha vida aqui, com você. Não seria um sonho? Desde que você entenda que é minha e de mais ninguém, poderíamos ser muito felizes, eu sei disso. - e mais uma vez, ele começava a viajar, a deixando assustada. Não. Isso não seria um sonho, mas sim um pesadelo. Ela não queria passar a vida toda com Ian. Ter filhos, netos. Ela queria, sim, ter tudo isso, mas... Com Zayn. Sim, com ele. Será que ele estava mal? Será que estava com raiva, chateado? Sentia tanta falta dele... Precisava voltar para casa. E percebeu que essa poderia ser uma oportunidade. Estavam escondidos. Ela poderia enfiar a tesoura nele e sair correndo para achar um policial, um telefone, qualquer coisa.

Ian a abraçou, forçando-a a deitar. Agora  sentia nojo daquele cheiro. De qualquer coisa que ele havia tocado. Incluindo das roupas que estavam em seu corpo. Porém, esperou, fingiu relaxar, apesar de que não muito. Não podia fingir estar bem o tempo todo, pois Ian não era burro e ela sabia disso.

Estava sozinha com ele, em um lugar aberto onde poderia fugir e não estava presa. Se não fugisse agora, que outra oportunidade poderia ter? Sentia a tesoura queimar em sua cintura, como que pedindo para ser usada. Tremendo, levou a mão lentamente até ela, sentindo o metal frio em seus dedos. Meu Deus, iria mesmo fazer isso? Retirou o objeto de lá e sem pensar muito enfiou na cintura do maior com toda força que possuía, fazendo-o dar um grito e largá-la. Lunna se levantou, sentindo as pernas bambas.

- Desgraçada, você me paga. - Ian disse com um olhar que a fez estremecer. Era o mesmo do porão, o mesmo que a fazia querer sair correndo, pois se ele conseguisse alcançá-la, não sabia do que seria capaz. - Eu não vou te machucar, Lunna, eu vou te matar.

E ela correu. Correu como nunca havia corrido em toda a sua vida. As pessoas a olhavam estranho, mas nem ao menos as notava, estava apavorada. Conseguiu parar apenas quando viu um orelhão. Tentou discar o número da polícia, pedir ajuda, mas estava estragado.

- Droga, pense Lunna, pense. - sua mente corria a mil por hora. Estava feliz, mas apavorada e isso não a deixava raciocinar com clareza. Estava demorando demais. Será que o ferimento o deteria por muito tempo? - Um celular! - Olhou em volta, mas do seu lado da rua estava completamente vazio. Observou com mais atenção e notou um garoto passando. - Hey, você! -gritou. Antes que pensasse melhor, estava atravessando a rua. E foi então que sentiu seu corpo ser atingido.




sábado, 16 de maio de 2015

Do You Really Love Me?(Second Season) - Capítulo 20

Lunna Pov

- Você vai querer uma trança ou o que? - Els perguntou alto, tentando sobrepor o som do secador que Aleksandra usava. Ela tinha ajeitado o cabelo na parte onde estava raspada e assim parecia que mal havia o feito e agora estava escovando a franja. Ao lado dela, Lea enrolava o cabelo com babyliss e conversava com minha prima, ambas gritando. Estava um caos.

- Eu quero que prenda só de um lado, só isso.

- Okay. - ela deu de ombros, passando a arrumar meu cabelo. Todas já estávamos devidamente vestidas para o baile, faltando apenas os cabelos e a maquiagem.Por fim, havíamos decidido por nos arrumar em minha casa.

 Eu estava mais nervosa do que nunca. Havia decidido por falar com Ian hoje à noite. Não sei se era o certo, mas seria como uma despedida. Sentia que precisava disso. Ele era uma pessoa muito especial para mim, apesar de não o amar. Espero que ele encontre alguém que realmente o ame como eu amo o Zayn.

Depois de Els terminar o meu cabelo, ela recebeu uma mensagem de Louis dizendo que estava vindo buscá-la e fiz a maquiagem dela, pois eu era a mais ágil com isso.

- Obrigada, Lu. - ela sorriu quando levei-a até a porta. Louis estava encostado em seu carro conversando com Zayn e Harry. Eles se abraçaram carinhosamente. Esses dois eram tão fofos...

- O que está fazendo aqui, Hazz? - perguntei, sem conseguir fitar o ser ao seu lado. Sentia meu coração acelerado, como na primeira vez em que o vira. Naquele mesmo dia, Yan havia o escolhido como alvo de zombaria e eu o segui.

- Eu... - mordeu o lábio inferior.

- Ele veio me buscar. - me assustei ao ouvir a voz de Lea atrás de mim. Ela sorriu para Harry. Um sorriso que eu conhecia bem.

- Como assim? Vocês dois? Viados! Como não me contaram? - disse indignada.

- Desculpa, Lu. - ele disse manhosamente, me abraçando. - Mas não sabíamos se tudo daria certo e não queríamos que se não acontecesse, ficasse um clima estranho no grupo todo. - me explicou.

- Mas não era o grupo todo... Só eu.

- E aí o Louis me mataria, portanto eu teria que contar para ele. E assim teria que falar com o Liam e os dois teriam que falar com a Els e a Elle. E como já contaram para quase todos, teria que falar com o resto.

- É, tem razão. Eu perdoo vocês...

- Okay, agora largue meu namorado.

- Hum, namorado. - Lea riu e selou os lábios de Harry. Okay, isso não é algo fácil de se acostumar...Coisas da vida. Os dois entraram no carro e foram.

- Então... Com quem você vai? - falei.

- Vou sozinho. Eu queria ir com uma garota linda, mas ela já tem par, então... - deu de ombros. Não consegui segurar o sorriso.

- Tenha certeza que vai valer à pena. - e assim ele já ficou sabendo de minha resposta. Me assustei quando ele me abraçou. - Zayn! O Ian pode chegar a qualquer momento! - exclamei, assustada.

- Me dá um beijo.

- Não, seu louco. - falei rindo. Mas de nada adiantou. Zayn colou seus lábios nos meus, fazendo uma corrente elétrica atravessar meu corpo dos pés à cabeça. Suas mãos apertaram minha cintura com firmeza, não me deixando cair quando senti as pernas bambas. Eu não queria sair dali. Ficar em seus braços é a melhor sensação do mundo. Eu o amo tanto...

- Eita. - ouvi uma voz conhecida falar. - Prima do céu... - Aleksandra exclamou. - Não é melhor arrumar um quarto? - senti meu rosto corar.

- Idiota. - ouvi Zayn rindo ao meu lado. - Zayn! - bati em seu ombro.

- Desculpa, amor. - mas mesmo assim ele ainda ria.

- Agora só se afaste, porque ele pode chegar a qualquer momento. - cinco segundos depois de ele se afastar, um carro que eu conhecia bem parou na calçada.

- Porra. - Zayn sussurrou me deixando surpresa.

Ian abriu a porta do meu lado.

- E a maquiagem, prima? - Aleksandra perguntou.

- Vou fazer no carro. - sorri forçado, sentindo meu coração acelerado, dessa vez por medo. Ele  havia chegado pouco depois de Zayn me largar. Teria Ian visto? O fitei, com medo, mas o mesmo sorriu para mim. Senti meu corpo menos tenso. Pelo menos isso. Eu realmente não queria magoá-lo dessa forma. Droga. Está tudo tão confuso.

Fui em sua direção e ele me abraçou, sussurrando em meu ouvido:

- Está linda.

- Você também. - sussurrei de volta. Entrei no carro rapidamente, fugindo, pois sabia que ele acabaria por me beijar e eu não queria que Zayn visse isso. Olhei para o Malik e esse sorriu amarelo. Acenei, dando tchau para ele e Aleksandra, mas ela não se contentou e veio me abraçar forte, não parecendo querer me soltar. Aquele tipo de abraço que damos em nossos amigos quando estamos mal, mas não queremos falar nada. Senti um aperto no peito e dei um beijo em sua bochecha, tentando passar a mensagem de que estava tudo bem. Ela me olhou preocupada e disse sem mexer os lábios "Tome cuidado". Assenti, vendo-a se afastar.

- O que seus parentes acharam da casa? - Ian perguntou, dando partida no carro.

- Ainda não falei com eles sobre isso. Aleksandra mal passou tempo lá, só dormiu, pois depois da escola ela veio para cá ontem e hoje passamos o dia nos arrumando. - abri o guarda sol e comecei a me maquiar. Eu não queria algo forte, mas bem natural. - Mas tenho certeza que vai gostar. É enorme, linda e aconchegante e você fez um bom preço, não se preocupe.

- Certo. - ele assentiu. Observei-o, percebendo o quanto estava inquieto. Não parava de mexer as mãos no volante, parecia incomodado ao ter que se sentar.

- Está tudo bem?

- Estou ansioso. - sorriu alegre. - Parece que faz um século desde que eu estava no colégio. Tantas coisas mudaram.

- Sente falta?

-De nenhuma maneira. Foi um tempo ótimo. Onde eu te conheci. - segurou minha mão, me deixando surpresa. Me forcei a sorrir, mas por mais que tivesse decidido ter uma despedida, não conseguia fazer deste um momento feliz. Só conseguia pensar em como essa noite terminaria. Eu iria terminar meu namoro hoje. Um namoro que mal havia começado e já havia terminado. Isso não era o maior problema. Queria ficar com Zayn. O problema era que para isso teria que magoar alguém tão maravilhoso como Ian. Ele continuava a falar, sem perceber que eu não conseguia prestar atenção em nada. Suspirei baixo quando avistei o enorme local onde ocorreria o baile. Não seria na escola, pois essa não era grande o bastante para acomodar todos os alunos com seus convidados. Era o salão de um clube, mas ninguém estava autorizado a entrar nas piscinas, somente em volta delas, perto do salão, pois depois delas havia uma mata, separada apenas por uma pequena grade menor que um anão, e à noite poderia ser bem perigoso. Dava para ouvir a música alta do estacionamento, sendo que estávamos bem longe da entrada do salão por termos chegado tarde.Me lembro que a primeira vez que vim foi com Yan e chegamos bem cedo, pois fora sua mãe que nos trouxera já que ainda éramos muito novos e ela quase não foi embora, preocupada por saber que era perigoso. Teria sido completamente entediante se no final da noite não tivéssemos ido para a casa do Jake, com todos os nossos amigos. Naquela época nenhum de nós gostávamos de festas, de dançar e de música alta. Agora, nós dois gostávamos, mas ele havia sumido... E eu mal havia prestado atenção nisso com tantas coisas acontecendo... Senti a culpa invadir meu peito. Por mais que ele tenha feito muitas coisas, ainda fez parte de grande parte da minha vida e mesmo assim não pensei nele.

Ian me puxou para a pista de dança assim que entramos. Ele trouxe meu corpo para perto do dele, aproveitando a mudança para uma seção de músicas lentas. Enterrei meu rosto em seu pescoço, sentindo seu cheiro, tão bom... Ele era enorme e assim aconchegava meu corpo em seu abraço quente e carinhoso. Parecia estar tão feliz e saber que eu iria acabar com isso, me deixava mal. Eu não quero fazer isso com ele. Não posso fazer isso. Senti um nó se formar em minha garganta. Fechei os olhos, sem deixar que as lágrimas caíssem e o apertei mais forte, sentindo meu coração apertar. Não posso fazer isso. Não posso.

Mas então me lembrei do rosto de Zayn na primeira vez em que eu o traí. Ele era ainda mais importante. Iria fazer isso por ele,mesmo que me cortasse o coração, era o que eu precisava fazer, o que traria a felicidade de todos à longo prazo.

- Não tem noção do quanto estou feliz ao estar aqui com você. - Ian sussurrou em meu ouvido. - Não imagina quanto tempo esperei por isso, Lu. Foi muito mais do que você pensa. Um tempo insuportável, mas que agora parece estar sendo recompensado. Eu te observava de longe, esperando por uma oportunidade para me aproximar. Tive muitas na verdade, mas não aproveitei. Demorei muito para tomar coragem e nos tornamos amigos. Assim eu pude ver que você era ainda melhor do que eu pensava. Não me importava de ficar machucado ao te ver com outro, queria apenas ficar perto de você. Valia à pena. E então depois de um tempo as coisas foram acontecendo e quando eu menos esperava você fez sua escolha. Eu te tinha. Foi o melhor dia da minha vida e tenho certeza que vou lembrar para sempre. Não vou falar que te amo, pois é muito cedo, mas é a garota que eu mais gostei durante toda a minha vida. Eu sou louco por você, Lunna.

Eu não consegui. Não consegui não chorar. Me soltei dele e saí correndo para fora do salão, querendo ir o mais longe possível. A dor em meu peito era tão grande que não conseguia conter de nenhuma maneira. Apenas chorava e chorava, tendo a visão nublada pelas lágrimas. Não me importei com o vento frio que me pegou e continuei a correr, percebendo o local completamente escuro e mesmo assim sem ligar. Caí de joelhos no chão duro e chorei, chorei, sem perceber o tempo passar. Apenas deixando escapar o que segurava em mim por muito tempo.

- Lu? - ouvi uma voz suave chamar. Neguei com a  cabeça, querendo apenas ser deixada em paz. - Lu, está tudo bem? - ri, debochada

- Não, eu não estou bem, Ian. Nada bem.

- Por que, meu anjo?

- Porque eu não posso mais fazer isso. Eu não posso continuar com isso. Eu não te amo, Ian, perdão, mas não posso ficar com você. Você é um cara maravilhoso, mas não dá. - me levantei, sentindo meus pensamentos um pouco mais claros.

- Eu sei. - ele disse, me deixando completamente surpresa. Me virei, o fitando e senti um calafrio passar por meu corpo, uma sensação de alerta de repente tomando-o completamente.

- Ian, não é por nada não, mas acho melhor entrarmos. - afirmei.

- Por quê? - ele disse baixo. - Não acha esse frio cortante completamente aconchegante, meu anjo? - ele sorriu. Olhei para a floresta atrás de mim. Algo gritava em minha mente para que eu entrasse nessa floresta, para que corresse em qualquer direção oposta à Ian, mas isso não fazia sentido. Ian nunca faria nenhum mal á mim, certo?

Quando me virei em sua direção me assustei. Ele havia desaparecido. Completamente. Senti meu coração acelerado.

- Ian? - chamei, trêmula. Eu tinha que sair daqui. Imediatamente.

De repente, senti algo macio ser pressionado contra minha boca e meu nariz, um cheiro forte invadindo-o, me fazendo ficar tonta. Tentei me soltar daqueles braços, mas eram fortes demais, musculosos demais, familiares demais.

- Você é só minha. - foi a última coisa que ouvi antes de apagar.

sábado, 9 de maio de 2015

Do You Really Love Me? (Second Season) - Capítulo 19

Lunna Pov

Quando cheguei na casa de Loggie e Doni, fui distraída imediatamente dos pensamentos sobre Aleksandra, pois Trisha me recebeu de braços abertos. Então percebi um cheiro realmente estranho: tinta.

- O que está acontecendo? - perguntei.

- Ah, hoje preciso de um favor seu. Meio que nenhum membro da pequena família feliz está aqui. - fiquei pasma. - Eles vão ficar na minha casa até que o cheiro acabe, pois não faria bem para nossa pequenininha. Mas, bem, o que precisamos é de nossos melhores desenhistas para enfeitar o quarto de minha neta e eu queria saber se você não pode ajudar o Zayn com isso. Sabe, vocês dois são muito talentosos, duas cabeças trabalham melhor que uma se estiverem unidas e, apesar de tudo, vocês sempre pareceram ter muita sintonia. - engoli em seco a última parte, mas por fim disse:

- Eu ajudo, claro.

- Ótimo, vou ir lá, que aquela casa deve estar um caos sem mim. - ela me deu um beijo e saiu, sorridente, sem perceber a minha cara de chocada. Ela realmente havia me deixado aqui com Zayn, sozinha? Uma casa inteira e nós dois aqui... Okay, calma, Lunna. Vai ficar tudo bem. Só tem que se controlar.

Esse pensamento quase foi perdido quando entrei no quarto de Lilith e vi Zayn concentrado em seus desenhos, já tendo o chão totalmente coberto de jornal e latas e mais latas de tinta apenas esperando para serem usadas além de sprays de cores diversas. Um dos momentos em que eu mais o admirava era quando ele estava criando. Com a testa franzida em concentração, o rosto perfeito cheio de intensidade. Lindo. Mas logo fui notada e acabei por corar ao ser pega no flagra.

- Hey, entra aí. - ele relaxou e sorriu. Isso era ainda pior. Por que logo depois de ter tomado uma decisão tão importante, eu teria que ficar assim? Era uma tortura. Mas não podia me deixar levar. Eu precisava superá-lo.

- Oi.

- Senta. - Zayn me puxou. Eu via o jeito como ele estava relaxado perto de mim, isso me deixava feliz, mas não conseguiria ficar assim tão facilmente. Não me sentia assim perto dele desde quando nos encontramos pela primeira vez depois do término. Uma sensação de perda se instalara no meu peito. Eu havia escolhido isso, sim, mas ainda doía.

- Essas são as suas ideias? - observei cada desenho.

- Sim. Eu pensei fazer como o céu. Pintar tudo de azul e fazer nuvens, arco-íris, talvez anjos. Acho que Doniya tinha pensado em algo lilás, mas já que quem vai pintar somos nós, se você concordar, podemos fazer assim.

- Pode ser. Eu não tenho nenhuma ideia mesmo. - ele me explicou cada detalhe que conseguiu se lembrar e por fim fomos pintar, pegando primeiro a tinta azul claro.

O silêncio que se instalou não era estranho ou desconfortável, mas esquisito por ser Zayn. Ele não ficava tão calado assim com tanta facilidade há muito, muito tempo. Mas eu sabia que era por estar concentrado. E o pensamento de o quão lindo ele ficava assim voltou à minha mente fazendo-me sentir culpada. Como fazer para se "desapaixonar"? Havia decidido por o fazer, para ficar com Ian, mas talvez tudo só dependesse de tempo.

Senti algo molhado e um pouco áspero tocar minha bochecha, deixando-me com uma sensação gelada nela. Toquei por puro instinto e percebi, olhando para o lado, que Zayn havia me sujado com o pincel.

- Ei! - reclamei. Ele apenas riu. Olhei para meu pincel e em seguida para meu parceiro de trabalho e o vi ficar completamente sério.

- Não. Lunna, não. - disse ao me ver ficar cada vez mais próxima de si com o pincel erguido. Um sorriso se instalou em meus lábios. - Lunna...

- Olho por olho, dente por dente, Malik. - afirmei avançando. Ele, com o bom reflexo que tinha desviou, fazendo com que eu sujasse sua camisa. Mas eu não desisti e continuei a avançar até que consegui atingir seu rosto. Com isso, uma guerra se iniciou. Espalhamos tinta por tudo que é lado, inclusive nossas roupas e é claro, o chão. Por consequência, acabei escorregando e me segurando nele, que me pegou pela cintura, evitando uma queda. Sentir suas mãos em minha cintura, me segurando com toda aquela firmeza fez com que meu coração se acelerasse como não fazia há muito tempo. Naquele momento meu corpo pediu pelo dele, pediu para que se aproximasse mais, que me tocasse mais. Tudo o que eu mais queria agora era que nunca mais me soltasse. E ele não soltou. Pelo contrário, fez exatamente o que meu corpo queria. Eu o olhei assustada por estar tão perto, querendo entender o que Zayn queria ao me segurar dessa forma, mas seu olhar intenso me fez ficar perdida naquela imensidão cor de mel. E eu quis tanto voltar a sentir seus lábios nos meus. Uma vontade tão grande que me fez ficar zonza. Não conseguia pensar direito. Só conseguia sentir suas mãos queimando em minha cintura, ver seus olhos me fitando, brilhantes de desejo, sua respiração quente cada vez mais próxima e então...

Eu acordei.

- Não. - sussurrei, empurrando seu peito. Zayn não me soltou. Me olhou confuso, como que me perguntando o porquê. - Eu não posso. Não posso.

- Por quê?

- Eu... Eu tenho namorado, Zayn. Não posso fazer isso com ele. Eu já traí uma vez. - o olhei, sentindo meu coração apertado. - Não posso fazer isso de novo. E você também tem namorada. - me recordei, como um clique. - O que nós íamos fazer? - disse horrorizada.

- Lunna...

- Nós íamos trair os dois. Isso não é justo com eles, nenhum dos dois merece algo assim.  - neguei com a cabeça.

- Lunna...

- Graças à Deus que eu acordei, porque...

- Lunna! - ele segurou meu rosto, forçando a fitar seus olhos.

- O que?

- Eu não tenho mais namorada, Lu.

- Como assim? Mas... A Perrie... É linda e vocês... Se davam tão bem... Como...

- Eu sei. Ela é maravilhosa, divertida e minha melhor amiga... Mas é exatamente isso. Eu não a amo de outra forma. Amo você. - senti meu interior se agitar com uma felicidade tão grande. Queria pular e soltar fogos de artifício. E em seguida queria me bater. O que eu estou pensando? O Ian.

- Zayn... Eu não posso...

- Ouviu o que eu disse, Lunna? Eu te amo. Quero você. Já te perdoei há muito tempo, só não conseguia liberar isso... Fica comigo, meu amor. Fica comigo.

- Mas o Ian, Zayn... Eu... - não sabia o que fazer.

- Você não me ama mais, é isso? - e não disse nada, pois eu não conseguiria mentir e se falasse a verdade... O que seria? - Não me ama mais? - ele disse baixo. Fitei seus olhos cor de mel, tão doces, tão tristes. Eu o amava. O amava tanto que chegava a doer. O amava tanto que mal conseguiria expressar o tamanho desse amor em palavras. - Você me ama. - Zayn sorriu, segurando meu rosto entre as mãos. - Eu vejo isso. - fechei meus olhos traidores. Assenti. Não havia como negar mais.

- Eu te amo, Zayn. Mas como...

- Termine com ele, Lunna. Termine com o Ian.

- Zayn...

- Você faria isso por mim? Por você? Escuta, não precisa decidir agora... Me fala no baile.

- Mas... - ele colocou um dedo sobre meus lábios, me impedindo de falar.

- Eu sinto seu coração acelerado, Lunna Dobrev. - dei um passo para trás, separando nossos corpos, sem saber o que dizer. Zayn sorriu. - No baile, okay?

- Okay...

- Vá para casa, hum? Me deixe terminar isso sozinho.

- Mas...

- Pode ir. Eu vou consertar essa bagunça que fizemos, hum?

- Okay... - disse, me sentindo perdida. Ele se aproximou, depositando um beijo suave em minha testa.

Fui para casa, sentindo minha cabeça girar com uma decisão que eu precisava tomar em dois dias. O pior foi o tanto que a sexta passou rapidamente, me fazendo ficar sem tempo. Zayn não apareceu na escola e nem enquanto eu estava em sua casa, ajudando Doniya. Sentia como se tivesse faltando alguma coisa. Queria vê-lo, mas havia completamente desaparecido. E enquanto trocava mensagens com Ian, me sentia culpada, pesarosa, confusa.

- Você está distraída. - Doni comentou enquanto eu a ajudava a trocar Lilith. - Aconteceu algo?

- Não. - menti. Ela me fitou, sem se deixar enganar. - Tá. Aconteceu.

- Fala pra mim, me deixa te ajudar. Ou pelo menos tentar.

- O Zayn quer voltar comigo. - soltei. Doniya não demonstrou surpresa alguma, continuou a trocar sua filha tranquilamente. A olhei chocada.

- O que? Eu sabia que isso ia acontecer alguma hora. - esclareceu - E qual é o problema?

- Eu estou com o Ian! Não sei o que fazer...

- Lunna, seja sincera consigo mesma: Quem você realmente ama: Ian ou meu irmão? Responda isso com verdadeira sinceridade e assim vai tomar sua decisão. Pense ainda que não deve ficar com alguém sendo que ama a outra pessoa. Isso não seria justo. Vai machucar mais do que um rompimento agora.

- Você já sabe essa resposta.

- Então, está esperando o que? Ajeite as coisas. E dessa vez, faça dar certo.





domingo, 22 de março de 2015

Do You Really Love Me?(Second Season) - Capítulo 18

Lunna Pov

A manhã estava nublada como geralmente era aqui em Londres, indicando que a qualquer momento a chuva poderia chegar. Me forcei a levantar, tomei banho e acordei Aleksandra, mandando-a se arrumar. Escolhi uma roupa razoável e a vesti, sentindo-me um tanto bêbada pelo sono. O apito do meu celular me indicou uma mensagem que eu logo percebi ser de Ian.

Acho que agora posso te dizer minha, ahn? 

Sorri e respondi.

Acho que sim, ahn? 

- E esse sorriso em seu rosto, prima? Namorado? - Aleksandra apareceu e eu ri.

- Exato.

- Mas... Eu posso te perguntar uma coisa? - ela disse, de repente séria.

- Claro.

- E aquele outro garoto que você havia me falado quando estávamos na Bulgária? O que aconteceu?

Eu mordi o lábio inferior pensando em como formular essa resposta. Mas no fim não era tão difícil como seria se ela tivesse feito essa mesma pergunta há alguns dias atrás.

- Eu decidi esquecê-lo, prima. Dar uma verdadeira chance à Ian. Ele é... Maravilhoso. E eu acho sinceramente que eu posso amá-lo de verdade. Esquecer o Zayn.

- Espero que esteja mesmo certa. - eu vi que ela estava sendo sincera, mas ao mesmo tempo havia algo. Algo que ela parecia não estar me dizendo e que a deixava desconfortável de forma que ela não me fitava nos olhos como normalmente fazia. Isso era estranho, pois eu já havia citado Ian antes e ela estava bem. O que havia acontecido? Antes que eu pudesse perguntar, minha mãe apareceu na porta, advertindo que tínhamos que nos apressar.

Logo descemos e fomos comer alguma coisa. Me assustei ao perceber que havia algo especial na mesa. Aquilo só poderia ser obra de minha tia. A família inteira se sentou junto e comeu como se fosse a última refeição que teríamos.

- Obrigado, mãe. Estava muito bom. - Lazar agradeceu enquanto nos levantávamos.

- Se cuidem e bom dia de aula. - Recebemos beijos na testa e nós quatro, Lazar, Aleksandra, Ethan e eu, fomos para a escola. No caminho, "pegamos" Lea, que estava realmente desatenta. Quando perguntei o que era, ela disse que não era nada. Normalmente eu sabia que me contaria depois, quando estivéssemos a sós, mas agora eu tinha a sensação de que não o faria por vontade própria, teria que ir atrás.

Nossos amigos nos esperavam na frente do colégio, com exceção de Zayn, o que achei estranho já que ele não costumava se atrasar. Balancei a cabeça. Eu não deveria pensar nele antes de conseguir esquecê-lo completamente. Apresentei meus primos para todos e disse que estava indo na diretoria para pegar seus horários, já que meu tio tinha vindo fazer a matrícula deles no dia anterior. Quando terminamos lá, o sinal tocou e tivemos que nos separar, pois nossa primeira aula era diferente.

Encontrei Els e Ethan - nosso único horário juntos já que meu irmão não havia demonstrado muita facilidade com História da Arte ultimamente - na aula. Me sentei ao lado de El e atrás de Ethan, passando a prestar atenção na aula, porém  isso se tornou um problema ao passo que meu irmão não parava quieto. Suspirei. Algo o estava incomodando. Hoje não parecia ser um bom dia para as pessoas que estão à minha volta.

- O que diabos você tem? - sussurrei no seu ouvido fazendo-o dar um pulo.

- Não é nada. - ele disse, mas eu sabia que estava mentindo. Ficamos prestando atenção na aula por alguns minutos, mas, como eu previa, Ethan logo se virou e perguntou algo que eu mal havia reparado: - Onde será que a Perrie está?

- Na aula dela, talvez? - sugeri ironicamente.

- Mas ela tem essa aula conosco. Sempre se senta perto da janela e na frente já que ama História da Arte, de forma que não ia cabular aula e... O que foi? - minha cara deveria estar muito engraçada já que ele parecia um tanto confuso. Agradeci por ele não poder lê-la já que tudo o que eu conseguia pensar era: Por que, diabos, ele havia observado ela tanto? E já tive a resposta quase que imediatamente, me sentindo estúpida por não perceber algo que estava na minha cara o tempo todo. - Que cara é essa? Você está me assustando.

Eu iria mentir. Iria mentir feio dizendo que não era nada demais, mas fomos interrompidos por um professor nervoso com a "reunião familiar". Nos desculpamos e passamos a prestar atenção na aula. Ou fingir, já que eu não tirava minha nova descoberta da cabeça sem saber se isso era bom ou ruim. Decidi que era ruim, por fim, afinal, ela não era alguém acessível. Perrie Edwards era a namorada do ex-namorado que eu ainda amava e agora eu descobrira que meu irmão tinha, no mínimo, uma queda por ela. Se é que já não estava apaixonado. Eu entendia. Perrie era linda, sorridente, radiante e espontânea. Mas não poderia ser dele. Seu namoro com Zayn parecia ir de vento em popa. Os dois se davam muito bem - embora ainda me doesse admitir isso, apesar de minha decisão - e eu não achava que meu irmão teria qualquer chance, apesar de ser lindo como ele como era e de ter uma personalidade realmente amável e gentil. Seria apaixonante, se não fosse o Zayn. Minha opinião era tendenciosa, no entanto, então tentei não pensar nisso.

Puxei Els para a próxima aula, a mesma me questionando sem parar, percebendo que eu estava inquieta, mas não contei nada. Eu não podia fazer isso com meu irmão. Sair fofocando sobre seus sentimentos.

- Não importa, Els. Eu não posso te contar, perdão. - disse de forma que não era nenhuma mentira e ela pareceu entender, mas esse não seria o caso de Lea, que estaria na próxima aula, então tratei de tentar voltar ao normal.

- Hey, gurias, como estão? - ela sorriu, um pouco feliz demais, ainda mais estando com Eleanor por perto, já que, desde que havíamos percebido a proximidade de Els e Louis, Leane parecia realmente triste.

- Bem. - minha outra amiga respondeu surpresa. Eu não a culpava.

- O que aconteceu com você? - questionei novamente em seu ouvido.

- Já disse que nada, garota. Largue de tanta insistência. - ela disse parecendo nervosa. Isso me deixou ainda mais desconfiada, mas por hora a deixei em paz. Porém, eu fiquei um pouco chateada por ela não confiar em mim.

As aulas se arrastaram até o fim. Percebi que Zayn havia vindo, sim. Apenas chegara um tanto atrasado. E estava distraído como várias pessoas à minha volta estavam hoje. Ninguém merece. Hoje eles estão com o bicho.

Contei minha novidade à Els, mas não para Lea, em uma vingança infantil por ela não ter falado sobre si. Era idiota e eu sabia, mas estava chateada. Sinceramente chateada. Se era algo com a mesma, por que não me contava? Sempre falei as coisas para ela, que eu me lembre, pois Leane sempre foi minha melhor amiga. Eu simplesmente não entendia o que poderia ser para que ela não me contasse. Por quê? Por que ela não confiava em mim?

Voltamos os quatro familiares para casa, conversando sobre o primeiro dia de meus primos. Como esperado, Aleksandra teve um dia muito mais social que Lazar, por suas personalidades distintas. Meu primo era tímido e sua irmã era realmente solta demais. Não que um fosse melhor que o outro, eram apenas diferentes.

Percebi Zayn atrás de nós somente quando este se dirigiu à mim:

- Você vai na casa da minha irmã? - ele questionou. Senti uma sensação estranha ao encarar seus olhos castanhos, parecendo ansiosos por algo que eu não tinha ideia.

- Vou sim, eu tinha prometido à sua mãe que vou hoje e amanhã. - ele assentiu. - E você?

- Eu vou também. Na verdade, mamãe pediu para eu lhe dizer que precisa da nossa ajuda para outra coisa além de Lilith, mas só vai nos dizer lá. - de novo o "mamãe". Por que eu achava isso tão fofo?Talvez por ter visto isso tantas vezes de uma maneira falsa. Garotos que chamavam suas mães assim para parecerem fofos, mas não era nada espontâneo. Com ele era diferente. Era algo natural. Zayn tinha imensa adoração e respeito por sua mãe. A mulher que se casasse com ele seria extremamente amada. Um dia, pensei que essa mulher pudesse ser eu. Agora já não penso que isso seja possível. E me dói. Dói demais. Me repreendo por isso, mas logo paro. Não é tão simples esquecer alguém. Ainda mais se esse alguém for Zayn Malik e se o que ele lhe despertou foi algo tão forte. Preciso dar folga à mim mesma.

- Okay. - respondo por fim, entrando na casa. Vou tomar um banho e quando saio encontro minha prima sentada na cama com um olhar perdido. - Hey, está tudo bem? - chamo sua atenção enquanto seco meus cabelos. Ela apenas me fita. Aquilo se torna realmente estranho, pois ela parece estar tanto brava quanto chateada. E vê-la assim não é normal. Aleksandra é uma adolescente alegre sempre. Ou quase sempre, já que agora me olha dessa forma. - O que foi contigo?

- Você tem certeza do que está fazendo? - olhei confusa, não entendendo a pergunta. - Tem certeza de que está fazendo a escolha certa?

- Você... Você está falando...

- Do seu namorado, prima. Você tem certeza que é isso o que você quer?

- Claro. Foi o que eu escolhi. - ela suspirou. Fiquei sem entender. Aleksandra se levantou, me deu um beijo na bochecha e dirigiu-me um olhar que eu conhecia, mas não identifiquei de imediato. Em seguida, foi embora.

Vesti uma roupa mais fechada, pois estava vendo o tempo cada vez mais frio. Estava ansiosa por ver a pequena Lilith, mas aquele olhar de minha prima ainda rondava em minha cabeça. Peguei minha bolsa e desci. Ao sentir o vento frio bater em meu rosto, me arrepiei ao conseguir entender o que aquele olhar significava. Decepção. Chateação. Era o olhar de quem sabia que algo era errado, mas que não podia fazer nada, pois aquilo estava além de seu alcance.

sábado, 14 de março de 2015

Do You Really Love Me? (Second Season) - Capítulo 17

Lunna Pov

Perdida. Era assim que eu me sentia. Com uma enxurrada de pensamentos que eu não conseguia por em ordem para expressá-los. Vê-lo assim não ajudava em nada, apenas me fazia mal. Eu sabia como era. Perder alguém. Sabia o quanto era doloroso. Mas um irmão era uma sensação diferente. Um irmão que era a pessoa que mais te entendia, se não o único. Fiquei calada. Esperando que Ian falasse. Se ele quisesse. E, depois do que pareceu uma eternidade, ele quis.

- Ontem foi o dia em que tiraram sua vida. Um dia que eu nunca irei me esquecer. Eu sei que deveria deixar ir. Sei disso. - me olhou como que sabendo o que eu pensava. E era realmente isso. Ian precisava de ter sua alma curada. Eu nada posso falar já que nunca o fiz, nunca deixou de me machucar quando eu pensava que mamãe estava morta, mas mesmo assim não deixo de pensar... Por ser ele. Não estou correta com essa atitude, mas é inevitável. E então percebi algo.

- Você disse... Tiraram sua vida? - franzi o cenho.

- Exato. Ele foi assassinado, faz dois anos. E até hoje não encontraram seu assassino. - o vi fechar as mãos em punho, a raiva estampada em sua face.

- E é por isso que você não pode esquecer.

- Claro. Como poderia? Todos já desistiram. Não há pistas. Não há nada. Como isso é possível? Como pode alguém ter matado ele sem nenhum erro? Eu não entendo. Não há como. Não há...

Segurei sua mão ao ver que ele estava se perdendo em suas emoções. E eu senti o mesmo. Como se tomasse suas dores para mim. Um crime perfeito. Diziam que era algo inexistente, mas esse era um caso. Haviam tirado um irmão, um filho, um amigo e talvez um namorado. Nenhuma pista? Nada? Como podia ser isso possível? Tantas pessoas sendo injustiçadas e um maldito assassino a solta. E o pior era que não podíamos fazer nada.

O deixei falar e colocar toda a sua raiva pra fora. Até que ele começou a apertar minha mão forte demais.

- Ian, você está me machucando. - avisei e vi seu semblante mudar.

- Perdão, Lunna. Perdão. - Ian beijou minhas mãos com carinho e eu senti meu coração se aquecer. Eu sei que era um momento ruim. Um momento péssimo, mas mesmo assim me senti bem. Como se estivesse mais próxima dele por ter compartilhado algo tão importante comigo. Algo que o machucava tanto. Como se tivesse me dado um voto de confiança. E tomei uma decisão.

Tomei seus lábios, pegando-o completamente de surpresa. Ainda mais pela forma que eu o beijava. Nunca o havia feito com tanta vontade assim. Logo Ian se recuperou e envolveu minha cintura, trazendo-me para mais perto de si. Senti calor percorrer meu corpo de cima a baixo e me deixei levar. Hoje eu seria dele.

Ian me pegou no colo e se dirigiu ao que eu pensei ser o antigo quarto de seus pais, pois lá havia uma cama de casal. Quando percebi estávamos ambos sem roupas. Minha mente estava nublada e eu não conseguia pensar em mais nada além desse momento. E foi maravilhoso, por mais que não mágico. Mas isso eu sabia que viria. Iria aprender a amar Ian. Essa era minha decisão.

Me deitei em seu peito, finalmente podendo prestar atenção na maciez dos lençóis que cobriam nossos corpos nus. E era uma sensação boa a de estar em seus braços. Uma sensação de paz. Embora não tão boa quanto quando eu estava com Zayn. Balancei a cabeça. Eu iria esquecê-lo. Seria de Ian. Ele era maravilhoso e eu não o iria magoar. Dessa vez não estragaria tudo.

- Posso perguntar o que desencadeou isso? - levantei a cabeça fitando o pequeno sorriso de Ian. Isso me deixou feliz. Os sentimentos ruins pareciam estar por fora nesse momento. Sorri.

- Segredo. - ele ergueu uma sobrancelha me fazendo rir e selar seus lábios. - Será que posso tomar um banho?

- Só se eu puder ir junto. Pode ser?

- Pode. - sorri novamente e o puxei até o banheiro do quarto. Tomamos um banho tranquilo, sem nada mais que beijos e risos. Eu estava me sentindo incrivelmente... Feliz. Sentindo que as coisas poderiam dar certo dessa vez.

Decidimos ir em uma sorveteria na mesma rua da casa, onde finalmente abordei o assunto da casa e pudemos resolver a situação facilmente. Meus tios poderiam se mudar no dia seguinte. Me liguei que eles dormiriam no quarto em que havíamos estado juntos e isso foi realmente nojento. Ian me pediu para empacotar as coisas de seu irmão e esse foi um momento um tanto chateador. Segurei sua mão mais uma vez antes de começarmos. Deu para ver um pouco da tristeza e raiva voltar a seu olhar, mas depois o distraí novamente. Ele me acompanhou até em casa e foi para seu apartamento. Me sentia feliz. Como se... Flutuasse.

Abri a porta de meu quarto dando de cara com prima Aleksandra penteando os longos e loiros cabelos do lado onde ainda o tinha, obviamente se preparando para sair. Ela me dirigiu um sorriso.

- Pensamos que não voltaria mais. Como estava o namorado? - eu ri. Como podia saber disso? Mamãe.

- Muito bem.

- E a nossa casa?

- Podem ir amanhã. E é enorme, moderna. Aposto que vão adorar. - retirei meus tênis, sentindo-me relaxada ao sentar na cama. - Onde está indo?

- A resposta é para onde você vai levá-la. - mamãe apareceu na porta.

- O que?

- Isso. Se arrume e vá com seus primos e Ethan passear. Apresente a cidade para eles. Vai ser ótimo. - percebi que não havia escolha a não ser concordar e suspirei, indo me arrumar. Comecei a pensar nas possibilidades. Não podia ser um lugar que acabaria muito tarde, pois amanhã tinha aula e depois eu não poderia descansar, pois iria visitar a casa de Logan e Doni. Decidi por apenas dar um passeio pelo shopping.

Descemos e encontramos Lazar e Ethan prontos.

- Ui, acho que vou ter que ficar de olho nesses dois, se não vão ser atacados. - brinquei. Meu irmão sorriu e meu primo ficou um tanto vermelho.

- É bom mesmo. - ouvi tia Katerina gritar da cozinha. - Cuide deles e não deixe nenhuma bitch atacar meus meninos. - eu ri, além de por sua agressividade, por seu sotaque ao xingar. Minha tia era a única da família que possuía sotaque. E isso não aparecia enquanto falávamos aqui, afinal, nos comunicávamos em búlgaro, mas misturar algumas palavrinhas em inglês misturadas eram comuns

- Vamos embora. - Lazar exigiu com o rosto branco da cor de um tomate.

- Calma, maninho. Volte a respirar. - Aleksandra zombou abrindo a porta. Tive a ideia de ligar para meus amigos e perguntei se não havia problema. Para Lazar, claramente tinha, mas eu o convenci. Liguei primeiro para Lea, mas esta estava ocupada cuidando de um ser doente que logo descobri ser Harry. Niall estava ajudando sua mãe com algo que me pareceu língua alienígena. Apelei para Lucy, mas esta estava namorando. Minha última tentativa foi Louis, que avisou estar trazendo Eleanor junto dele. Nos encontramos nos shopping e resolvemos ir a uma loja de jogos, onde ficamos um tanto espalhados, mas foi divertido. Dançamos, jogamos jogos de luta, pagamos micos que deixaram Lazar louco - hilário. Por fim fomos comer. Fiquei feliz em ver eles se entrosando.

- Vocês vai com o Ian no baile? - Eleanor perguntou.

- Vou sim.

- Quem é Ian?

- É o namorado dela, Lazar. - Aleksandra respondeu com um sorriso. - Aliás, que baile?

- É um baile de boas vindas, que será feito nesse sábado à noite. - Louis explicou.

- Vocês vão querer ir? - perguntei.

- Claro. - minha prima respondeu pelos dois. - Mas precisa obrigatoriamente de um par? - fez careta. - Pensando bem, não tenho nada para vestir.

- Não. Eu te ajudo com o vestido, prima. Sem preocupações.

- Poderíamos nos encontrar na casa da Lunna para nos arrumarmos juntas. - Els sugeriu. - Digo, nós três, a Lea, a Perrie...? - a última saiu como uma pergunta. Ela queria minha permissão para a loira vir ficar por perto.

- Sim. É uma ótima ideia.

- Acho que estamos boiando. - Louis disse e eu ri.

- Vão se juntar também. - brinquei.

- É. Vestir um ao outro, fazer maquiagem. - Els zombou e rimos ao ver a carranca dos três.

- Acho melhor não. - meu irmão disse.

Tivemos que voltar para casa. Eu estava cansada demais. Mas feliz também. Havia sido um dia bom. Um dia muito bom. Dormi sorrindo.