Lunna Pov
Perdida. Era assim que eu me sentia. Com uma enxurrada de pensamentos que eu não conseguia por em ordem para expressá-los. Vê-lo assim não ajudava em nada, apenas me fazia mal. Eu sabia como era. Perder alguém. Sabia o quanto era doloroso. Mas um irmão era uma sensação diferente. Um irmão que era a pessoa que mais te entendia, se não o único. Fiquei calada. Esperando que Ian falasse. Se ele quisesse. E, depois do que pareceu uma eternidade, ele quis.
- Ontem foi o dia em que tiraram sua vida. Um dia que eu nunca irei me esquecer. Eu sei que deveria deixar ir. Sei disso. - me olhou como que sabendo o que eu pensava. E era realmente isso. Ian precisava de ter sua alma curada. Eu nada posso falar já que nunca o fiz, nunca deixou de me machucar quando eu pensava que mamãe estava morta, mas mesmo assim não deixo de pensar... Por ser ele. Não estou correta com essa atitude, mas é inevitável. E então percebi algo.
- Você disse... Tiraram sua vida? - franzi o cenho.
- Exato. Ele foi assassinado, faz dois anos. E até hoje não encontraram seu assassino. - o vi fechar as mãos em punho, a raiva estampada em sua face.
- E é por isso que você não pode esquecer.
- Claro. Como poderia? Todos já desistiram. Não há pistas. Não há nada. Como isso é possível? Como pode alguém ter matado ele sem nenhum erro? Eu não entendo. Não há como. Não há...
Segurei sua mão ao ver que ele estava se perdendo em suas emoções. E eu senti o mesmo. Como se tomasse suas dores para mim. Um crime perfeito. Diziam que era algo inexistente, mas esse era um caso. Haviam tirado um irmão, um filho, um amigo e talvez um namorado. Nenhuma pista? Nada? Como podia ser isso possível? Tantas pessoas sendo injustiçadas e um maldito assassino a solta. E o pior era que não podíamos fazer nada.
O deixei falar e colocar toda a sua raiva pra fora. Até que ele começou a apertar minha mão forte demais.
- Ian, você está me machucando. - avisei e vi seu semblante mudar.
- Perdão, Lunna. Perdão. - Ian beijou minhas mãos com carinho e eu senti meu coração se aquecer. Eu sei que era um momento ruim. Um momento péssimo, mas mesmo assim me senti bem. Como se estivesse mais próxima dele por ter compartilhado algo tão importante comigo. Algo que o machucava tanto. Como se tivesse me dado um voto de confiança. E tomei uma decisão.
Tomei seus lábios, pegando-o completamente de surpresa. Ainda mais pela forma que eu o beijava. Nunca o havia feito com tanta vontade assim. Logo Ian se recuperou e envolveu minha cintura, trazendo-me para mais perto de si. Senti calor percorrer meu corpo de cima a baixo e me deixei levar. Hoje eu seria dele.
Ian me pegou no colo e se dirigiu ao que eu pensei ser o antigo quarto de seus pais, pois lá havia uma cama de casal. Quando percebi estávamos ambos sem roupas. Minha mente estava nublada e eu não conseguia pensar em mais nada além desse momento. E foi maravilhoso, por mais que não mágico. Mas isso eu sabia que viria. Iria aprender a amar Ian. Essa era minha decisão.
Me deitei em seu peito, finalmente podendo prestar atenção na maciez dos lençóis que cobriam nossos corpos nus. E era uma sensação boa a de estar em seus braços. Uma sensação de paz. Embora não tão boa quanto quando eu estava com Zayn. Balancei a cabeça. Eu iria esquecê-lo. Seria de Ian. Ele era maravilhoso e eu não o iria magoar. Dessa vez não estragaria tudo.
- Posso perguntar o que desencadeou isso? - levantei a cabeça fitando o pequeno sorriso de Ian. Isso me deixou feliz. Os sentimentos ruins pareciam estar por fora nesse momento. Sorri.
- Segredo. - ele ergueu uma sobrancelha me fazendo rir e selar seus lábios. - Será que posso tomar um banho?
- Só se eu puder ir junto. Pode ser?
- Pode. - sorri novamente e o puxei até o banheiro do quarto. Tomamos um banho tranquilo, sem nada mais que beijos e risos. Eu estava me sentindo incrivelmente... Feliz. Sentindo que as coisas poderiam dar certo dessa vez.
Decidimos ir em uma sorveteria na mesma rua da casa, onde finalmente abordei o assunto da casa e pudemos resolver a situação facilmente. Meus tios poderiam se mudar no dia seguinte. Me liguei que eles dormiriam no quarto em que havíamos estado juntos e isso foi realmente nojento. Ian me pediu para empacotar as coisas de seu irmão e esse foi um momento um tanto chateador. Segurei sua mão mais uma vez antes de começarmos. Deu para ver um pouco da tristeza e raiva voltar a seu olhar, mas depois o distraí novamente. Ele me acompanhou até em casa e foi para seu apartamento. Me sentia feliz. Como se... Flutuasse.
Abri a porta de meu quarto dando de cara com prima Aleksandra penteando os longos e loiros cabelos do lado onde ainda o tinha, obviamente se preparando para sair. Ela me dirigiu um sorriso.
- Pensamos que não voltaria mais. Como estava o namorado? - eu ri. Como podia saber disso? Mamãe.
- Muito bem.
- E a nossa casa?
- Podem ir amanhã. E é enorme, moderna. Aposto que vão adorar. - retirei meus tênis, sentindo-me relaxada ao sentar na cama. - Onde está indo?
- A resposta é para onde você vai levá-la. - mamãe apareceu na porta.
- O que?
- Isso. Se arrume e vá com seus primos e Ethan passear. Apresente a cidade para eles. Vai ser ótimo. - percebi que não havia escolha a não ser concordar e suspirei, indo me arrumar. Comecei a pensar nas possibilidades. Não podia ser um lugar que acabaria muito tarde, pois amanhã tinha aula e depois eu não poderia descansar, pois iria visitar a casa de Logan e Doni. Decidi por apenas dar um passeio pelo shopping.
Descemos e encontramos Lazar e Ethan prontos.
- Ui, acho que vou ter que ficar de olho nesses dois, se não vão ser atacados. - brinquei. Meu irmão sorriu e meu primo ficou um tanto vermelho.
- É bom mesmo. - ouvi tia Katerina gritar da cozinha. - Cuide deles e não deixe nenhuma bitch atacar meus meninos. - eu ri, além de por sua agressividade, por seu sotaque ao xingar. Minha tia era a única da família que possuía sotaque. E isso não aparecia enquanto falávamos aqui, afinal, nos comunicávamos em búlgaro, mas misturar algumas palavrinhas em inglês misturadas eram comuns
- Vamos embora. - Lazar exigiu com o rosto branco da cor de um tomate.
- Calma, maninho. Volte a respirar. - Aleksandra zombou abrindo a porta. Tive a ideia de ligar para meus amigos e perguntei se não havia problema. Para Lazar, claramente tinha, mas eu o convenci. Liguei primeiro para Lea, mas esta estava ocupada cuidando de um ser doente que logo descobri ser Harry. Niall estava ajudando sua mãe com algo que me pareceu língua alienígena. Apelei para Lucy, mas esta estava namorando. Minha última tentativa foi Louis, que avisou estar trazendo Eleanor junto dele. Nos encontramos nos shopping e resolvemos ir a uma loja de jogos, onde ficamos um tanto espalhados, mas foi divertido. Dançamos, jogamos jogos de luta, pagamos micos que deixaram Lazar louco - hilário. Por fim fomos comer. Fiquei feliz em ver eles se entrosando.
- Vocês vai com o Ian no baile? - Eleanor perguntou.
- Vou sim.
- Quem é Ian?
- É o namorado dela, Lazar. - Aleksandra respondeu com um sorriso. - Aliás, que baile?
- É um baile de boas vindas, que será feito nesse sábado à noite. - Louis explicou.
- Vocês vão querer ir? - perguntei.
- Claro. - minha prima respondeu pelos dois. - Mas precisa obrigatoriamente de um par? - fez careta. - Pensando bem, não tenho nada para vestir.
- Não. Eu te ajudo com o vestido, prima. Sem preocupações.
- Poderíamos nos encontrar na casa da Lunna para nos arrumarmos juntas. - Els sugeriu. - Digo, nós três, a Lea, a Perrie...? - a última saiu como uma pergunta. Ela queria minha permissão para a loira vir ficar por perto.
- Sim. É uma ótima ideia.
- Acho que estamos boiando. - Louis disse e eu ri.
- Vão se juntar também. - brinquei.
- É. Vestir um ao outro, fazer maquiagem. - Els zombou e rimos ao ver a carranca dos três.
- Acho melhor não. - meu irmão disse.
Tivemos que voltar para casa. Eu estava cansada demais. Mas feliz também. Havia sido um dia bom. Um dia muito bom. Dormi sorrindo.
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